sábado, 13 de julho de 2013

Mas (Só gosto de ti)

Chegaste com a luz
Que traz a primavera
Silhueta que seduz
Quando nada se espera.

Entraste no abrigo
Onde a vida me guarda
Um beijo e um sorriso
Tocaste a minha alma
A minha alma.

 Mas só gosto de ti
Haja o que houver
Será sempre assim
Venha quem vier.

Tomaste conta de mim
E do meu coração
Mulher que um dia vi
Perdida de paixão.

Sei que por ti esperei
Mil anos de vidas
Amor que encontrei

Nada é impossível
Impossível.

Mas só gosto de ti
Haja o que houver
Será sempre assim
Venha quem vier

Mas (Só gosto de ti) - UHF

A VOLTA AO MUNDO

Nós somos um, nós somos iguais
Em vez de falarmos mandamos postais
Nós somos dois, nós somos pardais
Fomos alvejados por cantar demais 

Tira-me os pregos debaixo dos pés
Vamos caminhar por outras marés

 Eu vou dar a volta ao mundo
Para roubar mais um segundo
Quero beijos seus

Voltarei em boa hora
O regresso não demora
Quero beijos teus

Nós desta vez sabemos que prevês
Casar viver nas torres de um jogo de xadrez
Tira-me os pregos debaixo dos pés
Vamos caminhar por outras marés

Eu vou dar a volta ao mundo
Para roubar mais um segundo
Quero beijos teus

Voltarei em boa hora
O regresso não demora
Quero beijos teus

Ciclo Preparatório e Lena d'Água

terça-feira, 9 de julho de 2013

Soberania??

Ficámos a saber que Paulo Portas é homem capaz de trair na sexta-feira a consciência pessoal que invocara na terça-feira para tomar a decisão "irrevogável" de sair do Governo. Apreendemos as maravilhas de ser país do Eurogrupo com dívida de 72 mil milhões de euros ao FMI, à Comissão Europeia e ao BCE: só podemos ter um ministro das Finanças se aquela troika gostar, só podemos antecipar eleições se essa troika não se importar, só podemos mudar de governo se a dita troika nada objetar. E sem discussão! Não sabemos, caso tenhamos eleições regulares em 2015, se os resultados terão, também, de ser previamente aprovados. Talvez não. Ensinaram-nos mais: o Presidente da República só dá opinião sobre um novo acordo de coligação governamental depois de o senhor holandês Jeroen Dijsselbloem dizer que está "muito satisfeito" com o resultado e de o senhor alemão Wolfgang Schäuble ratificar "o bom caminho" retomado... Nem a Madeira nem os Açores, alguma vez, se sujeitaram a uma humilhação assim face ao Continente. E bem. Fomos intruídos, portanto, num novo facto: Portugal é a caricatura de um Estado independente. Em vez de tentar encontrar um caminho para inverter o processo de aniquilação da sua autodeterminação, deixa-se comprar, aceita corromper-se para, daqui a um ano, poder endividar-se mais - no mercado ou num "programa cautelar", o novo resgate - com uns caridosos mas incomportáveis juros de cinco ou seis por cento, qual viciado numa toxicodependência de crédito para pagar crédito cujo fluxo o traficante, metódico, assegura com fria eficácia. Depois de um jornal económico, na quarta-feira, manchetar "Empresários e banqueiros recusam eleições antecipadas", a turba de comentadores que na terça-feira reclamava "demissão, demissão!" passou, lesta e aditivada por gestores, analistas de ações e o governador do Banco de Portugal, a implorar "estabilidade, estabilidade!". E até o novo patriarca, putativo pastor de almas, foi atrás do rebanho apavorado pela bolsa, a cotação da dívida e a Standard & Poors. O senhor que provocou esta crise falou alto, mas, depois, ouviu das boas dos amigos do partido, dos amigos da coligação, dos amigos da banca, dos amigos empresários, dos amigos europeus, do amigo Pedro. Respondeu baixinho: "Perdoem-me." Jura agora que vai fazer voz grossa à troika. Que anedota! E os pensionistas, que viram em Portas um salvador, bem podem esperar pela reforma do Estado que este homem lhes vai entregar numa bandeja, de consciência tranquila. Finalmente, uma última lição: a direita, para sobreviver, é capaz de tudo. A esquerda, em contrapartida, nem sabe como viver.


http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3312202&seccao=Pedro Tadeu&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1

A republica das bananas

Para não destoar de um dia surreal, quando cheguei ao Palácio de Belém e me indicaram a entrada pelo Museu da Presidência, ninguém me perguntou nada ou pediu identificação. Achei estranho, mas, francamente, o que é que é estranho num dia assim? Lá me passaram o saco naquela coisa para ver das bombas e mandaram-me "subir a rampinha". Quando lá cheguei acima, à sala de chão preto e branco que conhecemos das TV e onde as câmaras e jornalistas se acumulam, uma senhora sorridente perguntou-me: "É familiar?" Confusa, respondi: "Não, sou jornalista." A senhora pareceu igualmente confusa, dando lugar a um segurança que me exigiu a identificação e me informou de que teria de "ir lá abaixo"(à entrada do palácio) "acreditar-me". Ou seja: se tivesse respondido "sim" à senhora, poderia entrar e assistir, tirar notas se me apetecesse e até talvez fotografar com o telefone; sendo jornalista, tinha de voltar atrás e de caminho perder a cerimónia, que durou poucos minutos. A irracionalidade do postulado, que se coroou na explicação do segurança da porta - "Achei-a tão bem vestida que não pensei que fosse jornalista" é, no seu delírio, uma boa caricatura daquilo que ontem, a partir das cinco e pouco da tarde, sucedeu em Belém. Ou seja, a substituição do demissionário Vítor Gaspar pela sua secretária de Estado que no briefing do dia anterior desmentira o ministro que a desmentira a ela (sobre a passagem de informação por parte da equipa ministerial anterior sobre os swaps contratados por empresas públicas) e pouco mais de uma hora depois de a notícia da demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do segundo partido da coligação ter dado aquilo que parecia ser o golpe de misericórdia num Executivo que a demissão de Gaspar deixara de joelhos. Mas se a ausência de Paulo Portas e dos dois outros ministros do CDS-PP - Assunção Cristas e Mota Soares - indiciariam que o seu partido estava já fora, a presença do centrista Paulo Núncio, reconduzido como secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, baralhava e tornava a dar. Como, de resto, os risos largos de Passos ao cumprimentar o seu ex-ministro das Finanças cuja carta o acusa de chefiar um Governo sem coesão, ou os sorrisos entre Gaspar e a nova ministra, Maria Luís Albuquerque, suposta continuar a política que ele considerou, na missiva de demissão, ter falhado em toda a linha. Tanta boa disposição e descontração afetadas, porém, não chegaram para que a ministra das Finanças e Passos Coelho passassem pelos jornalistas concen- trados no lobby do palácio, que esperaram em vão. Estará a apresentar a demissão ao Presidente?", aventava-se. Como se viu, (ainda?) não.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3301687&seccao=Fernanda C%E2ncio&tag=Opini%E3o - Em Foco

Quem aterrasse ontem em Portugal ficaria certamente com a convicção de que estava a subir ao palco de uma ópera-bufa. O Presidente da República confere posse a uma ministra das Finanças - que, inusitadamente, entra tão ou mais fragilizada do que o seu antecessor - de um governo em manifesto estado de decomposição. Um ministro de Estado anuncia, meia hora antes, que não consegue dissimular mais e por isso bate, irrevogavelmente, com a porta. O primeiro-ministro, pasmado e numa atitude de altruísmo para com o País, diz que não aceita, que quer evitar uma crise política - como diz? -, insinua que ainda confia em Paulo Portas - perdão? - e que quer ouvir o parceiro de coligação - agora? Da véspera sobravam ainda os estilhaços da demissão de outro ministro de Estado, Vítor Gaspar, que na carta que escreveu aos portugueses - uma vez que a quis publicitar - desafia o primeiro-ministro a assumir, também ele, as suas responsabilidades pelos falhanços sucessivos na política austeritária. Tudo isto ao segundo dia de briefing em que, pasme--se, se fez a profissão de fé na coesão e na unidade da coligação. Em Belém, ao que consta, ninguém sabia nem cuidou de saber das objeções do CDS a Maria Luís Albuquerque. Em São Bento, ninguém quis saber, reiteradamente, ao que parece, dos argumentos de Paulo Portas. E, perante toda esta tragédia, há um personagem que assiste impávido, sereno e cúmplice à exibição pública do irregular funcionamento das instituições. Há umas semanas, Cavaco Silva dizia que o País não suportaria somar uma crise política às dificuldades económicas e financeiras de que padece. Não sei em que redoma vivem o Presidente e o primeiro-ministro, mas quero dizer-lhes, caso não se tenham apercebido, que estamos em crise política, permanente e agonizante, desde 7 de setembro de 2012, o dia da TSU. Chegados aqui, qual pântano, não há modo de sair dele sem que haja eleições. Porque, como disse um ex-líder da oposição, de seu nome Pedro Passos Coelho, "não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota".

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3301723

This used to be my playground