domingo, 29 de março de 2009

Alma Perdida

A sua alma vagava sobre os penedos, rugindo atormentada, para todo o sempre AMALDIÇOADA...
Olhava com arrependimento para a sua vida passada,
Vida essa onde a luxuria imperava e o AMOR era negado,
Uma vida onde o som das FLAUTAS soavam toda a noite, acompanhadas de ODES a Baco.
Desejaria de ter tido a CORAGEM de ter vivido uma vida de SIMPLICIDADE,
Mas as luzes luxuriantes e manipuladores da noite eram como VITUALHAS para a sua alma.
Desejaria de ter PARTILHADO o seu leito com alguém de VERDADE,
E TECER esperanças e um amor puro,
Mas a sua alma era como um BENJAMIM mimado sempre sendente de caprichos,
Era como um BEIJA-FLOR bebendo do néctar de diferentes flores.
Só lhe restava agora olhar para este passado com amargura
E passar o resto da eternidade mergulhada num sombrio agrilhoamento.


Texto publicado no Eremitério no 12º Jogo das Palavras

domingo, 22 de março de 2009

Pena

Ontem foi dia de passeata. Destino: aldeia da Pena. Para quem não conhece trata-se duma aldeia com apenas 8 habitantes, perto de S.Pedro do Sul, encravada num vale. Uma aldeia onde se respira paz e tranquilidade. Recomenda-se o único restaurante na aldeia, que também vende algum artesanato, e tem pagamento por multibanco. Também se recomenda as vistas fabulosas da serra em volta.



domingo, 15 de março de 2009

Vento

A primeira vez que ouvi este "Wild is the Wind" de Nina Simone, fiquei apaixonada pelo seu som. Tem uma força e um toque de desespero sublime. Foi o primeiro passo para descobrir esta grande senhora.
Palavra Vento no Palavra Puxa Palavra

domingo, 8 de março de 2009

Calçada de Carriche

Dedicado a todas as mulheres:
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

António Gedeão, Poesias Completas (1956-1967)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Luto


Quando uma relação de repente acaba, passamos por uma fase que alguns denominam de luto. Parece que o mundo desabou e andamos ao caídos, sem qualquer propósito e feitos zombies. As noites parecem mais longas, especialmente quando o sono teima em chegar, a cama mais fria, a saudade rói por dentro deixando-nos acorrentados a uma doce lembrança, deixando-nos de olhos vazios e de coração sofrido...

Mas teimamos em continuar a viver, ou a sobreviver, e muitas vezes para mitigar a dor, saltitamos de cama em cama, entregando-nos a corpos e suores estranhos: "Tantos quartos de hotel, amar e partir". E chega uma certa altura que acabamos por ter pena de nós próprios, um dos piores sentimentos que podemos nutrir...

E chega um dia que o luto acaba...olhamos para trás, para este tempo de trevas e pensamos: tanto tempo que desperdicei...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sítio Pirata

Foi com grande prazer, que um dia, o meu amigo Tone, me anunciou que iria começar a escrever no Eremitério e que iria criar um blogue. E vai daí nasceu o Sítio Pirata, um sítio de escrita sensível, atenta e inteligente...a cara do seu criador, portanto.

E tem piada que depois de tantos anos a trabalhar juntos, só agora descobrimos que nos une um sentido de humor muito british e uma grande cumplicidade, aquele tipo de cumplicidade que não é preciso dizer nada, bastando olhar um para o outro e descobrir o que o outro está a pensar.

Felicidades para a tua escrita Tone, e que o teu blogue continue com a excelente qualidade a que já me habituaste.


This used to be my playground