Estive uma semanita de férias, a tempo de apanhar as festas da cidade. Engraçado como é que de Norte a Sul do país, seja qual for a terreola, o ambiente das festas é sempre igual, até as pessoas que as frequentam parecem iguais. Lá estavam as luzes, apenas meia dúzia, para o povo não poder dizer que o dinheiro público está a ser mal empregue, se bem que nesta história das festas, seja apropriado o comentário de Maria Antonieta: "atirem-lhes bolos". O povão distrai-se com qualquer coisa. Adiante...
Lá estavam as bancas dos ciganos, com os seus altifalantes e um rancho de filhos atrás, que isto à dúzia é mais barato, seja os filhos seja os trapos que vendem; lá estavam as bancas dos indianos, com as suas túnicas e bugigangas coloridas; lá estava o camião das maravilhas: "por 30 € leva 2 cobertores e 2 jogos de banho, e só por mais 5 € leva ainda estes lençóis e uma dúzia de panos de cozinha", camião este que já se encontra em vias de extinção. É que é preciso arte para a coisa, não basta estar ali de corpo presente. Depois lá vêm os inevitáveis comes, bebes e sobremesas: a bifana, o franguito - tudo assado num recinto de terra batida, deve ser para dar mais condimento - a cerveja, as farturas embebidas em óleo, as pipocas, o algodão doce. Depois se for uma terra sem grandes atrativos, como era o caso desta, ainda temos várias representações dos diferentes estaminés da cidade, tudo para gerar o sentimento de que vale a pena lá viver, e que a terra nem é tão atrasada como isso.
Depois é claro que temos os carrosséis, iguais em todo o lado, cada um com a sua música, com as meninas mais impressionáveis a berrarem, e os rapazes com uma cara que diz "isto não foi nada...", e o pregão mais que gasto "quero ver esses bracinhos no ar", incentivo que eu já ouço desde que era catraia.
Isto das feiras fez-me pensar 2 coisas, completamente antagónicas: 1º) Que isto de ser feirante, com a casa às costas, a arrumar e desarrumar bancadas todos os dias, e noites mal dormidas, é uma vida de cão. A 2º coisa é que tendo em conta o espaço que os carrosséis ocupam, tendo em conta o balúrdio que se costuma pedir por cada pedaço de metro quadrado ocupado, e tendo em conta que cada vez à menos pessoas a irem para os carrosséis (ainda me lembro que se faziam filas para alguns divertimentos, era uma correria qaundo se via um lugar vago), estando alguns praticamente às moscas, como é que os feirantes têm dinheiro para pagar o espaço ocupado, a luz que se gasta (e deve ser uma conta astronómica) e ainda para sobreviverem o resto do ano? Uma boa pergunta não é? E com isto na cabeça, virei as costas à festa, deixando o seu barulho cada vez mais para trás, ouvindo ainda à distância, uma mulher anunciar ao altifalante: "Mais uma volta, mais uma viagem"...
A mim as feiras, os carrosseis, os carrinhos de choque provocam-me uma estranha melancolia. E nem me ponho a fazer essas contas! :)**
ResponderEliminarSão iguais? Não me parece.
ResponderEliminarOlha puseste-me a pensar... de facto como é que essa genete sobrevive?
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