sábado, 10 de abril de 2010

Vazio


"Era um cansaço que nunca experimentara antes. Uma profunda fadiga estrutural, como uma ponte antiga que tivesse sustentado várias eras de trânsito e aguentado com imparáveis toneladas de água."
- in, "O Cego de Sevilha", Robert Wilson

Tal como a paisagem lá fora, os pensamentos sucedem-se a uma velocidade vertiginosa, não se fixando em nada de concreto. Limitam-se a atropelarem-se, uns atrás dos outros.
Saio lá para fora…
Espera-me uma paisagem estéril, abandonada, esquecida por tudo e todos. Uma paisagem no meio do nada, rodeada pelo nada…
Sinto uma inquietação dentro de mim, sinto-me incomodada por todo este grande vazio, sem saber a razão para tal.
E de repente sei…
Também eu me sinto invadida por uma desolação sem fim, vazia, oca.
Tanto falei, tanto analisei todos os pensamentos e acções, que agora me sinto vazia.
Sinto que a minha alma fugiu de mim, sinto que o meu ser já não me pertence.
Sinto-me como um barco à deriva, que perdeu a âncora que o prendia, sinto-me no meio da tempestade.
Sinto-me perdida…
Gostava de adormecer e acordar só daqui a algum tempo, quando a minha alma regressasse ao meu corpo…
© MAC -

2 comentários:

  1. Como eu te entendo Guida! esse barco à deriva, tem muitos tripulantes.

    Beijos!

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  2. Anónimo11:30

    Não é fácil... mas isso já todos nós sabemos.

    Gosto do novo visual do blog.

    Tudo de bom.

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