Tudo começava umas semanas antes do Natal, com a busca de um pinheirito e musgo no pinhal mais próximo. Depois era a azáfama de montar a árvore com montes de fitas e luzinhas, e armar o presépio com as suas dezenas de figurinhas. Até tinha direito a castelo com soldados e lago.
No dia 24 à tarde faziamos as filhoses, cuja tijela já ia com umas ditas cujas a menos, por umas mãozitas terem andado a surripirá-las. Mais para a noite era o corropio de pôr a mesa, com a respectiva toalha natalícia, mais os doces, mais as comidinhas, e mais as garrafas de vinho do Porto. Depois íamos para a Missa do Galo (isto ainda era no tempo em que eu era uma "boa menina")...adorava esta missa; pelo facto de ser à noite, e as velas ficarem mais brilhantes e pelos cânticos de Natal. Depois chegávamos a casa, e eu e os meus primos (9 miudos ao todo) punhamos o sapatinho na chaminé, à espera da tão almejada prenda.
Às 6h da manhã do dia 25, a minha avó acordava toda a gente ao som duma sineta, e com os gritos de "É Natal, é Natal! Boas Festas!" E lá corríamos todos em direcção à chaminé, a ver o que o Pai Natal tinha trazido. E que bagunça aquela...só papéis e fitas por todo o lado.
Ricos tempos, vividos com uma inocência, que ainda tento conservar hoje em dia.